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Agora olímpico, basquete 3×3 luta por profissionalismo sem perder laços com a rua

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Hoje, o Brasil, 5º do ranking, estaria classificado para o torneio masculino em Tóquio-2020

Em uma transformação tão rápida quanto a transição de defesa para o ataque no jogo, o basquete de rua chegará ao Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020, com uma de suas inúmeras vertentes. Como o próprio nome indica, o 3×3 é o duelo de duas equipes de três jogadores em uma partida fisicamente intensa e visualmente plástica, disputada em metade de uma quadra da modalidade tradicional, que tem cinco de cada lado. Com fortes laços com a cultura do hip-hop, a modalidade se vê imersa em um desafio: abraçar o universo olímpico e buscar o profissionalismo sem perder sua alma informal.

Neste domingo, na Praça do Trem, ao lado do Estádio Nilton Santos, alguns dos melhores jogadores do mundo disputarão o torneio Gigantes do 3×3, inclusive a Sérvia, líder do ranking mundial. A partir das 9h, eles jogarão contra os Estados Unidos. Na outra chave, duas equipes brasileiras se enfrentarão. A decisão, às 11h, terá transmissão da TV Globo e premiará o vencedor em US$ 10 mil.

A presença olímpica abriu os olhos da Confederação Brasileira de Basquete (CBB). A partir deste ano, o país terá o Circuito Brasileiro de 3×3 masculino e feminino, com a primeira etapa no Rio, em março.

Sonho de viver do esporte

Outras cinco etapas serão realizadas em Belo Horizonte, São Paulo (duas vezes), Salvador e Brasília. Após ter 63 eventos homologados na Federação Internacional de Basquete (Fiba) em 2017, o objetivo é aumentar esse número, o que implica em mais pontos no ranking da entidade, fator decisivo para conquistar uma das oito vagas olímpicas.

— Temos cerca de 2.500 atletas que disputam competições de 3×3 homologadas pela Fiba. No mundo, são 250 mil — explica Francisco Oliveira, que é gerente de desenvolvimento da modalidade na CBB. — Nosso trabalho é capacitar arbitragem e orientadores, já que o esporte, assim como o tênis, não tem um técnico na beira da quadra.

No masculino, o Brasil está em quinto no ranking e vai disputar a Copa do Mundo 3×3 nas Filipinas, em junho. Como só europeus estão em sua frente no ranking e no máximo dois países por continente poderão disputar os Jogos, o Brasil tem relativa folga na briga por uma vaga — ainda que as regras de classificação não estejam definidas. No feminino, a modalidade, ainda engatinha, é 27º no mundo.

Nascido na Rocinha e formado nas quadras do Aterro do Flamengo e da Lagoa, Leandro Lima, o Discreto, de 34 anos e 1,98m, é o primeiro e único profissional brasileiro de 3×3. Depois de muitos torneios disputados pelo mundo, da França aos Estados Unidos, da China à Suíça, ele foi contratado em 2017 pelo Yokohama City para jogar a liga japonesa. Em junho, irá atuar em Nova Dehli, já que a Índia também possui uma liga profissional.

— Eu nunca tinha pago as contas com o basquete. Sempre trabalhei, fui segurança, garçom, ajudante de pedreiro, e treinei. Ser profissional é um sonho — conta Discreto, que teve uma passagem pelo Flamengo. — No começo pensava que eu ia bem no 3×3 por jogar contra jogadores de rua. Mas os profissionais vinham jogar nas férias e via que estava num nível compatível. No clube, não me sentia tão à vontade. Sempre me senti mais livre na rua.

1º do Brasil não vive da modalidade

Discreto é o 20º do ranking nacional. O primeiro é Luiz Felipe Soriani, seu ex-companheiro de São Paulo DC. Apesar de ter representado o Brasil em seis mundiais, o jogador de 28 anos e 1,91m ainda não consegue pagar as contas com o esporte.

— O Brasil está num bom nível internacional, mas, na Sérvia, eles são profissionais há muito tempo. Treinam juntos e jogam um torneio a cada fim de semana. No Brasil, isso ainda não existe. A gente se reúne para cada torneio e vai jogar. E eu tenho que jogar na quadra, que é onde tenho salário — diz Soriani, 62º no ranking mundial individual e atualmente sem clube, que sonha com a dedicação exclusiva ao 3×3. — Isso pode ajudar o Brasil a ter uma medalha. Na quadra é difícil, mas no 3×3, só com oito equipes, temos mais chances.

Leia mais: https://oglobo.globo.com/esportes/agora-olimpico-basquete-3×3-luta-por-profissionalismo-sem-perder-lacos-com-rua-22362792#ixzz575TPSQYv 

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