Como iludir uma torcida
A noite da última segunda-feira(16) marcou o acerto do novo técnico do Operário Celso Rodrigues.
De acordo a apuração do site, um diretor confirmou a torcedores via rede social, que o clube estava trazendo um técnico com acessos da série D até a B, que treinou time de série A do Brasileiro e com títulos Estaduais.
Outro detalhe importante que foi vendido aos operarianos, que o novo técnico era nível Marcio Bittencourt, técnico do rival Comercial.
No fim da noite, o companheiro Ricardo Paredes da Rádio Difusora Pantanal, informava que Celso Rodrigues era o novo técnico.
De acordo o Jornal Diário Catarinense, Celso fez a base no Internacional nos anos 80 e depois foi para o São José de Porto Alegre.
Rodou pelo Rio Grande do Sul, onde ficou sete anos no Glória de Vacaria. Em 2001, foi para o Kindermann, de Caçador.
Chamou a atenção do diretor de futebol da Chapecoense na época, Oscar Trombeta, que o contratou.
Na Chapecoense conquistou o torneio seletivo em 2002, contra o próprio Kindermann, que livrou o time de ser rebaixado. Encerrou a carreira em 2005, no Fraiburgo.
No segundo semestre de 2006 foi chamado pelo técnico da Chapecoense, Agenor Piccinin, para ser auxiliar.
Celso estava no grupo campeão catarinense de 2007, quando a Chapecoense renasceu, depois de 11 anos sem conquistar um estadual. Depois foi auxiliar de Mauro Ovelha, com quem conquistou o Catarinense de 2011.
Depois disso, foi com Ovelha para o Avaí, depois Caxias em 2012 e Atlético de Ibirama em 2013. Substituiu Ovelha em alguns jogos em que o titular estava suspenso.
Após o Estadual, retornou para a Chapecoense como segundo auxiliar de Dal Pozzo no ano que a Chapecoense subiu para a série A.
Em 2014, foi técnico interino em duas oportunidades. Após saída de Gilmar Dal Pozzo e de Jorginho, comandou o verdão do oeste até o fim do Brasileiro quando o time se salvou do rebaixamento.
Mas ao fim do Campeonato, voltou a ser auxiliar sendo substituído por Vinícius Eutrópio. Em 2016, deixou a Chape para ser técnico. Comandou em seu 1º trabalho, o Concórdia na série B Catarinense e não conseguiu o acesso.
Foi confirmado pelo Pelotas quatro dias antes do acidente com o avião da Chapecoense e de acordo a imprensa gaúcha, não chegou a assumir pois ajudaria na reconstrução da Chape.
Todos os títulos e acessos conquistados por Celso, foram como jogador e auxiliar. Como treinador(interino), seu maior feito foi ter contribuído para a permanência da Chapecoense na série A.
O que foi vendido para os torcedores foi a imagem de um profissional que conquistou vários títulos e acessos mas em outras funções.
Desta vez, Celso é quem vai tomar as decisões e terá que lidar com as dificuldades de um clube que não ganha nada à duas décadas, que vive uma instabilidade com a saída de um treinador e do Gerente de Futebol às portas do Estadual e com a incógnita de quanto tempo irá durar no cargo.
Após a demissão de Carlos Rabelo pela insatisfação de alguns diretores e jogadores, fica a dúvida caso os mesmos voltem a ficar insatisfeitos com o novo comandante, se ele irá durar no cargo.
Pior que essas incógnitas, são as cobranças por um técnico “no nível” de Márcio Bittencourt e com os títulos que Celso ainda não tem como treinador.
O Operário mesmo em crise tenta vender uma imagem de uma realidade que não existe e de uma superioridade que acabou nos anos 80.
Celso tem tudo para ter um bom futuro como treinador e passar por Mato Grosso do Sul e pelo Operário, pode ser melhor para o nosso futebol do que para ele.
Celso Rodrigues não é Márcio Bittencourt, auxiliar não é técnico e o Operário não é o Comercial. Que todos entendam bem essas coisas e deixem ele trabalhar.
Enquanto cada um não guardar seu complexo de saber tudo, calçar as sandálias da humildade, remarem para o mesmo lado e entenderem que futebol não se faz mais com passado e peso de camisa, apenas iludirão o torcedor que estão no caminho certo.
O caminho certo é o recomeço degrau por degrau, passo a passo, ponto por ponto, vitória por vitória. Ninguém é campeão sem jogar, nem na 1ª rodada.
É pura ilusão acreditar história ainda define algo no futebol. Futebol você precisa provar todos os dias, e se o Operário quiser sair da fila, precisa entender que não prova nada há 20 anos.