Documentário da ESPN sobre ‘julgamento do século’ de O.J. Simpson vence o Oscar
O documentário “O.J.: Made in America”, produzido pela ESPN, venceu na noite deste domingo o Oscar em sua categoria. A série está disponível para os assinantes dos canais ESPN no WatchESPN.
Simpson foi um lendário running back da NFL nas décadas de 1960 e 1970. No entanto, não foi apenas vestindo o uniforme da Universidade de Southern California (USC) ou do Buffalo Bills, muito menos em um campo de futebol americano, que ficou marcado: 90 milhões de pessoas o viram correndo com um Ford Bronco branco, fugindo da polícia nas estradas californianas após ser formalmente acusado de assassinar sua ex-mulher, Nicole Brown Simpson.
Dirigido por Ezra Edelman, a série de cinco episódios vai além de apenas a vida de O.J. e as consequência do caso. Enquadra tudo isso no cenário sócio-político norte-americano, desde a luta pelos direitos civis dos negros por meio de atletas, como Muhammad Ali no fim da década de 1960, até à onda de protestos em Los Angeles em 1992, após a morte do taxista negro Rodney King na mão de policiais brancos.
Orenthal James Simpson nasceu em 9 de julho de 1947 em San Francisco e teve um começo de vida comum entre crianças negras e pobres americanas: encontrou seu caminho na vida por meio dos esportes. Foi com uma bolsa de futebol americano que se transferiu para a USC em 1967 e logo se transformou em estrela. Naquele ano, levou os Trojans (nome do time da universidade) ao título nacional, com uma épica corrida de touchdown de 64 jardas no quarto quarto do clássico contra UCLA que definiu uma vaga no Rose Bowl.
Essa corrida, no entanto, se perdeu na história para àquela no carro branco, no dia 17 de junho de 1994. Enquanto a Copa do Mundo dos Estados Unidos tinha sua partida inaugural naquele dia e Knicks e Rockets disputavam o jogo 5 das finais da NBA, o público americano parou para ver “The Juice”, como O.J. era chamado (OJ é uma abreviação para ‘suco de laranja’ em inglês), fugir da polícia na van dirigida pelo seu amigo Al Cowlings.
Naquela manhã, os advogados de O.J. haviam acordado com a polícia de Los Angeles que Simpson se entregaria, acusado de assassinar Nicole Brown Simpson, sua ex-mulher, e Ronald Goldman, amigo de Brown que só estava com Nicole para devolver um par de óculos que ela havia perdido mais cedo. Ambos foram mortos na noite de 12 de junho, esfaqueados no quintal da casa dela enquanto seus dois filhos (ambos com O.J.) dormiam em seus quartos.
O.J. e Nicole se conheceram no fim da carreira profissional de Simpson. Em seu discurso de entrada no Hall da Fama de Futebol Americano Profissional, ele dedicou a honraria a sua então mulher: “(Nicole) veio a minha vida no que é talvez a fase mais difícil do atleta, o fim de sua carreira. E ela tornou aqueles anos nos melhores da minha vida”, disse. Sua eleição ao Hall coroava uma carreira brilhante em que, entre outros recordes, teve a temporada mais prolífica de um running back até então, com 2.003 jardas terrestres (o recorde apenas seria quebrado 11 anos depois, por Eric Dickerson).
O fim de carreira não interromperia sua vida de estrela. Ainda seria garoto-propaganda de diversas marcas, comentarista de jogos da NFL e ator em comédias como “Corra que a Polícia vem aí”. Assim, quando O.J. Simpson foi preso em junho de 1994, não estava retornando aos holofotes como acontece com muitos ex-atletas aposentados: ele nunca havia saído deles.
A perseguição do Ford Bronco branco é um daqueles momentos “Onde você estava quando aconteceu?” na cultura pop norte-americana. E “O.J.: Made in America” mostra o porquê disso: o caso O.J., suas ramificações judiciais e midiáticas estão todas enraizadas na cultura dos Estados Unidos, suas relações raciais e a cultura de celebridades.
fonte: ESPN