Paratletas sul-mato-grossenses vão ao Mundial de Atletismo em Dubai
Dois paratletas de Mato Grosso do Sul participarão do Campeonato Mundial de Paratletismo, que será realizado em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, entre os dias 7 e 15 de novembro. A seleção brasileira de atletismo paralímpico foi convocada no dia 4 de outubro pelo Departamento Técnico do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). No total, 43 atletas brasileiros estarão na principal competição da temporada para a modalidade. A delegação viaja na madrugada desta quinta-feira (31.10).
A campo-grandense Gabriela Mendonça Ferreira é fruto dos programas de incentivo ao desporto e paradesporto escolar promovidos pela Fundação de Desporto e Lazer de Mato Grosso do Sul (Fundesporte), como o Programa Escolar de Formação e Desenvolvimento Esportivo de Mato Grosso do Sul. A paratleta de 21 anos é da classe T12 (baixa visão) e foi formada na Associação Seninha de Atletismo (Asa), de Campo Grande, sob orientação do técnico Daniel Sena.
Gabriela Ferreira integrou a delegação verde e amarela nos Jogos Parapan-Americanos de Lima, no Peru, realizados de 23 de agosto a 1º de setembro deste ano. Na competição intercontinental, a atleta colocou o nome de Mato Grosso do Sul em evidência, ao conquistar o ouro no salto em distância e bronze nos 100 metros.
Segundo Daniel Sena, a jovem chegou ao projeto Seninha com 11 anos de idade. “Comigo ela foi campeã escolar, brasileira e mundial, treinando em Mato Grosso do Sul, onde ficou até os 16 anos”. O técnico afirma que ela possui grandes chances de obter medalhas no Mundial de Dubai. “Ela fez a segunda melhor marca do mundo nos 100m. Atualmente, ela também está com a segunda melhor marca do mundo no salto em distância, com 5,45m. Eu converso com ela diariamente e sei que está focada”.
Atualmente, Gabriela Ferreira veste as cores do Instituto Elisangela Maria Adriano (Iema), de São Caetano do Sul-SP. No entanto, de acordo com Sena, não esquecer das origens é uma das principais características da campo-grandense. “Ela foi criada aqui, teve a base da Fundesporte, tanto em viagens, quanto nos equipamentos de treino. O Marcelo Miranda sempre me deu apoio, força. Não posso deixar de falar isso, porque o diretor-presidente contribui muito para o desenvolvimento do esporte paralímpico no Estado. Se não fosse o Miranda, acho que não teríamos todos esses resultados, a formação de base e essas marcas expressivas que temos. A Gabriela é grata por isso, não abandona as origens, tem a consciência de que nunca deixamos de ser atendidos”.
Além dos pódios no Parapan de Lima, estão entre as principais conquistas de Gabriela Ferreira o ouro nos 100m, nos 200m e prata no salto em distância no Mundial de Jovens de Nottwill, em 2017; ouro nos 100m e nos 400m dos Jogos Parapan-Americanos de Jovens 2017, em São Paulo-SP; ouro nos 100m, 200m e salto em distância no Jogos Parapan-Americanos de Jovens 2013, na Argentina.
“A Gabriela é uma prova real do sério compromisso que a Fundesporte tem com a formação esportiva em âmbito escolar. Vimos ela crescer, se desenvolver e disputar as Paralimpíadas Escolares e demais campeonatos nacionais, sempre representando o Estado. Vale lembrar também que quatro dos 12 sul-mato-grossenses que foram ao Parapan de Lima neste ano são atletas que saíram de projetos de incentivo ao desporto escolar em Mato Grosso do Sul, um dos principais focos da nossa gestão. É nas escolas que formamos nossos atletas”, destaca a responsável pelo setor paralímpico da Fundesporte, professora Belquice Falcão.
O outro atleta de Mato Grosso do Sul que estará em Dubai é Fabrício Júnior Barros Ferreira. Natural de Naviraí, o paradesportista teve o primeiro contato com o esporte paralímpico em 2013, por meio de uma associação para pessoas com deficiência visual, no estado de Santa Catarina.
O naviraiense de 21 anos também representou o Brasil no Parapan de Lima. Na capital peruana, ficou em primeiro lugar nos 100 metros e faturou a medalha bronzeada nos 400 metros. Hoje, Ferreira está vinculado à Associação de Deficientes Visuais de Itajaí e Região (Advir), de Itajaí-SC. Assim como Gabriela, Ferreira é atleta de baixa visão e faz parte da classe T12.
Estarão em Dubai 36 dos 60 atletas brasileiros que competiram no Peru. Ao todo, 32 subiram ao pódio no evento continental, incluindo Gabriela e Fabrício. A última edição do Mundial de Paratletismo aconteceu em julho de 2017, em Londres, na Inglaterra. O melhor desempenho brasileiro em Mundiais aconteceu em Lyon, em 2013, quando 40 medalhas foram conquistadas (16 ouros, 10 pratas e 14 bronzes).
*FUNDESPORTE