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Os irmãos Ricardo e Silvania Costa completam um ano do ouro nas Paralímpiadas

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 Um ano se passou, no sábado dia 16/09 a paratleta Silvania Costa comemorou e relembrou sua conquista nos Jogos Paralímpicos Rio 2016. Recordista mundial com a marca de 5,46m e principal nome do mundo no salto em distância categoria T11, Silvania relembrou o momento de enorme emoção que viveu naquele dia. Fala sobre a dedicação  nos treinamentos como sendo o principal fator  para a vitória e garante que até hoje não consegue esquecer do público aplaudindo e gritando o nome dela no Estádio Olímpico Nilton Santos.

Dias antes no dia 08/09 seu irmão Ricardo comemorava também sua conquista da medalha de ouro. Ricardo Costa foi o primeiro brasileiro a conquistar medalha de ouro nos Jogos Paralímpicos do Rio. Em prova cheia de emoção na manhã daquela quinta-feira, líder na maior parte do tempo, foi ultrapassado pelo americano Lex Gillete no penúltimo salto, mas manteve a frieza para fazer 6.52m na tentativa derradeira e liberar o barulho até então proibido para o torcedor presente no Estádio Olímpico.

Relembre o salto dos atletas:

 A seguir temos uma entrevista com a atleta Silvania, onde ela fala sobre a emoção de relembrar esta conquista histórica e quais são seus planos para o futuro.

 

  

    Silvânia O que passa pela sua cabeça quando você se lembra do seu ouro na Paralimpíada do Rio?
   “-O sentimento é de que tudo valeu a pena. Nenhum momento consegue substituir a emoção e a alegria de quando soube que tinha conquistado a medalha de ouro. Ali pude ver que todas as dores e o sofrimento de ter que abandonar a família para treinar e se dedicar foi recompensado. Não tem sensação melhor na vida. Lembro que eu não conseguia nem sentir o chão de tanta felicidade. Será um momento que vai ficar guardado para sempre na minha memória, pois mostra que tudo na vida é difícil, mas mesmo assim todos podem conseguir quando se tem dedicação e empenho. Já passou um ano, mas parece que foi ontem. É como se fosse uma planta que plantaram dentro de mim e ela vai crescendo aos poucos a cada dia. É uma sensação que não é passageira, é eterna”

 

  Como você está fisicamente? Quando volta a competir?

“-Posso dizer que fisicamente já alcancei 80% da minha performance. Tenho certeza que ainda não estou no meu ideal, tem muita coisa para trabalhar ainda, mas o que mais me alegra é que eu sei que estou no caminho certo, sei qual é o meu objetivo final e dia após dia venho me superando. Já avancei bastante, mesmo tendo passado apenas seis meses do nascimento do João Guilherme, então isso por si só já é como se fosse mais uma medalha. Independentemente da colocação do Circuito Loterias Caixa que vou competir no dia 28/10, sei que estou no caminho certo. O resultado é consequência de todo o meu trabaho. Não está fácil, é o momento mais difícil da minha vida. Não sabia que a volta para a pista após a gravidez seria mais difícil do que quando comecei. Fiquei muito tempo parada, mas a minha força de vontade é maior que as minhas dores e as dificuldades que estou passando.”

 

 Você disputou a última seletiva para o Mundial de Londres praticamente não tendo treinado. Ficou chateada por não ter batido o índice?
“-Competi a 1ª Etapa do Circuito Loterias Caixa, em junho, três meses depois do nascimento do João Guilherme, e estava muito ansiosa para saber como iria. Eu tinha que competir para saber do que eu precisava, se era força, resistência ou velocidade. Foi um desafio novo. É claro que eu esperava bater o índice, mas quando vi o salto percebi que o atleta realmente não chega a lugar nenhum sozinho. Precisa de treino, dedicação, esforço, entrega e estar 100% para ganhar. Essa Etapa foi praticamente um aprendizado. Por isso não fiquei decepcionada, pois eu não tive a preparação suficiente. Para estar no Jogos Olímpicos do Rio eu trabalhei duro por quatro anos e não seria com treinamento de uma semana que eu conseguiria a vaga no Mundial. Sempre falo que vale mais a lágrima de uma derrota do que a vergonha por não ter tentado. Foi um bom resultado, fui a terceira do Brasil, não consegui ir para o Mundial, mas o meu ciclo olímpico mesmo começou agora.”

 

Como está a vida em São Paulo? Os dois filhos estão com você? Mora com quem na capital paulista?
“-Já estou em São Paulo, moro muito perto do Centro Paralímpico Brasileiro e meus dois filhos estão comigo. Estou conseguindo separar a vida pessoal, que é basicamente cuidar dos meus filhos, da vida profissional. Acordo cedo, deixo as crianças na escola, da escola vou para o treino, do treino vou buscá-los na escola, e depois faço as coisas em casa. No fim da tarde dá tudo certo (risos). Ser mãe e atleta é se dedicar o dobro o tempo inteiro, sempre sabendo da importância de estar bem no dia seguinte. Aos poucos as coisas estão se organizando. O João Guilherme inclusive facilita a minha vida, pois é muito calmo, muito amoroso, e a Letícia já é uma moça, tem 11 anos, e me ajuda bastante, então isso me deixa muito tranquila. É claro que tem noite que não consigo descansar 100%, acordo algumas vezes para amamentar. Então chego no treino um pouco cansada, mas tenho que manter meus números, me concentrar e trabalhar forte. É cansativo, mas quando lembro da medalha sei que vale a pena passar por tudo isso, pois toda essa dificuldade que estou passando será recompensada.”

 

O que representa para você realizar um ciclo inteiro dispondo de um centro de treinamento moderno para o esporte paralímpico?
“-Quando chego no Centro de Treinamento me sinto entrando em uma mansão (risos). É muito completo, tenho tudo que preciso, por isso hoje me sinto realizada. Se perguntassem o que eu queria na minha vida como atleta, acho que diria que era tudo que eu tenho hoje. Tenho academia, piscina de aquecimento, piscina de recuperação, fisioterapia, médicos à disposição, nutricionista, psicólogo. Se chover, tem a pista coberta. A estrutura é completa e isso ajuda muito no resultado do atleta.”

 

Silvania Costa volta às pistas no dia 28/10, quando participará da terceira e última etapa do Circuito Loterias Caixa, em São Paulo – última competição do calendário em 2017. Em junho, ela participou da primeira etapa e buscou o índice para o Mundial de Atletismo, disputado em julho, em Londres. Todavia, com apenas uma semana de treinamento devido ao nascimento de João Guilherme, três meses antes, ela não conseguiu a vaga – embora tenha sido a terceira melhor do Brasil na categoria. Até Tóquio 2020, Silvania ainda disputará o Open de Atletismo (2018), Mundial (2019), Parapan (2019) e diversas etapas do Circuito Loterias Caixa.

 

 

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