Vendendo gelinhos, Érica junta dinheiro para disputar campeonatos de Judô
Jovem de 19 anos é exemplo de perseverança e amor pelo esporte
Força é pré-requisito básico para quem quer se tornar uma judoca de sucesso; mas, não é o único ingrediente necessário. É preciso perseverar, ter obstinação. Tudo isso, Érica Vicente de Souza, com 19 anos, já mostrou que tem. A jovem é campeã de torneios pelo Brasil e, para custear as viagens, ela reúne duas grandes paixões: a gastronomia e o esporte.
Érica sempre gostou de cozinhar e transformou as lembranças na cozinha com o pai, como fonte para se sustentar e arrecadar fundos para as viagens. “É uma coisa que meu pai me ensinou bem cedo e sempre fui apaixonada – me acalma. Comecei com os gelinhos, por causa do Brasileiro Regional; quando meu pai foi para Campo Grande, fiquei sozinha. Acabou não só sendo um meio de viajar, mas como meio de sustento” – detalha.
De bicicleta ou com a moto da família, a atleta se desloca até o Judô Clube para treinar e também vender os gelinhos, bolos e tortas. O apoio que tem dos professores e pais de alunos a comove. “Os pais chamam a família – tio, primo – para irem lá e comprar. Eles sabem que existem competições e, às vezes, não temos o que comer nessas competições – nem café da manhã – porque fica caro” – diz.
Ela também não perde a oportunidade de vender para os amigos, nas reuniões, ou na porta das escolas – Érica está lá esperando, com a bolsa térmica lotada de gostosuras. “Eu me reinvento; quando chegou o frio eu me perguntei: ‘O que irei fazer?’. Então, comecei a fazer bolo, torta salgada, chocolate quente, caldo. O pessoal gostou e começou a pedir mais. Eu até pergunto: ‘você quer tal coisa?’. E, mesmo que eu não saiba fazer, eu aprendo” – afirma.
O Judô transforma
Terceira melhor do país na categoria sub-21 pesado do Judô, Érica coleciona 50 medalhas de campeonatos. As favoritas ela tira da mochila e mostra à nossa equipe; com orgulho, coloca todas no peito.
“Minha história começou em 2012. Eu sempre quis fazer uma arte marcial, mas nunca gostei muito de violência; então, fui atrás do Judô. Fui tocada mais pela filosofia, do que pela luta em si” – diz.
“O judô preza formar cidadãos; ele dá uma base e mostra o mundo de uma forma diferente. Vi tudo de uma forma mais esperançosa. Minha pretensão é poder montar minha academia e ensinar isso.
Tirar pessoas da rua, dar chance para muitas pessoas que não têm oportunidade de subir, não só
como atleta, mas como cidadão” – completa.
Fonte: Hoje Mais/Bruna Taiski