Workshop aponta caminhos para adequação e liberação dos estádios de futebol
Debates, desabafos, troca de experiências, esclarecimento de dúvidas e formação de parcerias marcaram o I Workshop de Adaptação aos Novos Laudos Técnicos dos Estádios de Futebol. Representantes de municípios, clubes, órgãos governamentais, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros Militar, Ministério dos Esportes e federação se reuniram no Centro de Convenções Rubens Gil de Camillo, durante toda a terça-feira (22), para ouvir, aprender e interagir com técnicos do Ministério. Em pauta as exigências legais, o preenchimento de laudos, a necessidade de adequação e os caminhos para resolver os problemas no estádios de Mato Grosso do Sul, em especial dos interditados.
Profissionais de Arquitetura, Engenharia e Segurança Pública explicaram cada item dos documentos que precisam ser preenchidos e a forma de avaliação para liberação dos estádios brasileiros. Tudo conforme os ditames da Portaria nº 290 do Ministério dos Esportes. De acordo com a regulamentação, para que um estádio possa receber partidas de futebol com público há necessidade do preenchimento de diversos requisitos e a liberação por meio de laudos técnicos. Um questionário é o norte para avaliações de engenharia, acessibilidade, conforto, higiene e segurança. Caso os padrões não sejam atendidos, a praça esportiva é interditada.
“A nossa preocupação é com a integridade física de quem vai assistir e há necessidade de adequações. Ninguém quer atrapalhar o espetáculo, mas precisamos de análise científica para validar a segurança das arenas. As avaliações e as interdições servem de alerta para a necessidade de cumprir os requisitos de segurança”, disse o diretor de futebol profissional do Ministério dos Esportes, Romes Carvalho de Castro.
Os estudos realizados pela equipe técnica que esteve no Estado para ministrar o workshop serviram de base para a formatação dos quesitos dos laudos. Os profissionais de cada área se revezaram nas explanações: Neilton Fidelis falou sobre os requisitos de engenharia; Vania Ducap sobre acessibilidade e conforto; capitão PM Fabiano Costa sobre segurança e Mariana Padilha sobre condições sanitárias e de higiene. Todos defenderam a necessidade dos laudos, a análise conforme as peculiaridades locais, o dever de propor soluções e a discricionariedade do avaliador.
“O laudo é uma ferramenta de suporte para proposições e normas, para mobilizar o setor numa melhoria contínua. Não é para inviabilizar o estádio. O Brasil é um país continental, precisamos reconhecer que a legislação é um pouco amarrada, mas também existe necessidade de melhorar a segurança e a acessibilidade do torcedor”, disse Neilton Fidelis. Vania Ducap completou. “O avaliador precisa ter o feeling para sentir a realidade e determinar prazos para adequação. É preciso analisar a situação local e justificar no laudo porque tomou determinadas atitudes. A Portaria deve ser seguida, mas cabe ao avaliador analisar cada quesito e dizer se ele está sendo cumprido e se é aplicável ao caso”.
A interpretação literal dos dispositivos, sem se atentar para a realidade e a cultura dos Estados eram as principais reclamações de dirigentes, torcedores, federação e governo. “Impedir a entrada nos jogos com radinhos de pilha e tereré, proibir a venda de produtos por ambulantes já tradicionais nas partidans e a comercialização de bebidas alcoólicas nas imediações dos estádios são absurdos. Não podemos nos balizar por ações isoladas. Nossa realidade é de incidentes zero nos estádios. Precisamos repensar e formar forças pelo futebol. Evitar que se extrapole e crie dificuldades para o futebol”, defendeu o diretor-presidente da Fundesporte, Marcelo Miranda.
Quando aos rádios e ao tereré, o capitão PM Fabiano Costa sugeriu a liberação temporária. “O agente tem discricionariedade. Deve usar seu campo de observação para subsidiar suas decisões. Se no MS o tereré e o rádio de pilha são tradicionais pode-se, por exemplo, determinar um período de experiências. Liberar a entrada e analisar os resultados. Outra ideia é identificar quem são os proprietários dos objetos na entrada do estádio e, caso ocorra algum incidente, responsabilizá-los diretamente. É possível fazer isso, sem problemas. Depende de quem está fazendo o laudo”, explicou.
O maior empecilho porém, é em relação às adequações estruturais e de conforto. As interdições dos estádios Morenão e os municipais de Aquidauana e Naviraí deixou perdas. O presidente da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul, Francisco Cesário afirmou que, a impossibilidade de se usar o Morenão causou o maior prejuízo dos últimos 20 anos. Houve outros problemas, além do financeiro. O Naviraíense teve que jogar duas de suas partidas como mandante fora de casa.
“Perdemos pontos importantes. Tenho certeza que se tivéssemos jogado com o apoio maciço de nossa torcida o resultado seria diferente e teríamos mais chance de nos classificar. Sem o estádio fica tudo mais difícil, por isso nos empenhamos para promover as adequações e conseguir a liberação”, contou o prefeito da cidade e líder da torcida organizada do Naviraiense, Leo Matos.
O prefeito participou de todas as atividades do workshop. Tudo com o objetivo de adquirir conhecimentos para conseguir o laudo definitivo do estádio municipal. O prazo para adequações termina dia 11 de abril. “O encontro foi muito proveitoso. Conseguimos tirar nossas dúvidas para cumprir as exigências e liberar o estádio definitivamente. Com as explicações vimos que não é tão difícil se adequar, mas para isso é preciso vontade de todos. Cada lugar é uma situação e é preciso analisar de acordo com a realidade. Tem muitas coisas para melhorar, mas não podemos prejudicar o futebol, principalmente das cidades pequenas”, disse Leo Matos.
MORENÃO
A liberação do Estádio Pedro Pedrossian – Morenão para jogos oficiais é a principal reivindicação do futebol local. Um dos objetivos do workshop foi entender a situação do estádio e buscar alternativas para sua reabertura. “Tudo que foi exigido já foi feito. O estádio está bem conservado, o problema dos morcegos resolvido e a manta asfáltica aplicada. Pelo menos uma parte do estádio já poderia ter sido liberada para uso”, disse o diretor-presidente da Fundesporte.
“Não podemos mais ficar sem o Morenão. Devemos buscar um consenso. Com esse workhop, que servirá de modelo para todo o país, conseguimos interpretar o Estatuto do Torcedor e a Portaria 290 para dar uma esperança ao futebol de nosso Estado. Vamos fazer uma carta, como resultado do evento. Vamos nos articular e, com o apoio do Ministério conseguir reabrir o Morenão muito em breve”, afirmou Cesário.
No workshop, os técnicos do Ministério dos Esportes tiveram acesso à documentação do Estádio Pedro Pedrossian e fizeram um bom prognóstico. “As adequações exigidas estão de acordo com a legislação e a maioria já foi feita. Vamos ajudar a elaborar um laudo detalhado, compatível com a realidade local, apontando as medidas mitigadoras e estabelecendo prazos para realização. Vamos nos empenhar e temos certeza de que a situação será resolvida e o estádio liberado”, falou o engenheiro do Ministério dos Esportes, Ivan Melo.
O I Workshop de Adaptação aos Novos Laudos Técnicos dos Estádios de Futebol foi uma parceria da Fundesporte com a FFMS e o Ministério dos Esportes.
Aline Morais, Assessoria de Comunicação da Fundesporte