Guarani-kaiwá fatura prata nos Jogos Indígenas e dedica medalha a irmão
Rocleiton Flores fica em 2º lugar no arremesso de lança dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas; irmão mais velho, falecido este ano, era tetracampeão nacional
fonte:globoesporte/ms
Rocleiton Flores suportou o sol escaldante de Palmas para encarar adversários do mundo inteiro. Mas seu irmão Laucídio não estava lá. Arremessou sua lança a 43,40 metros e cravou o segundo lugar, perdendo no detalhe para o rival. E Laucídio não estava lá. O jovem Rocleiton, da etnia guarani-kaiwá, representou a aldeia Jaguapiru no arremesso de lança nos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas, na capital tocantinense, no último fim de semana. Trouxe a prata para Dourados, mas no fundo dedicou a conquista ao irmão, falecido em março aos 37 anos, vítima de parada cardíaca.
– Para falar a verdade, eu nem ia mais nesse jogos. Foi algo que nos pegou de surpresa, eu treinaria com ele para os jogos, ele iria me acompanhar – conta Rocleiton, 21 anos, que atualmente cursa o segundo ano de enfermagem em uma universidade de Dourados.
No esporte, Laucídio era um grande exemplo na vida de Rocleiton. Ex-atleta e um dos líderes da aldeia onde vivia, Laucídio tinha no currículo quatro títulos nacionais no arremesso de lança – modalidade tradicional entre os índios. Também se destacou no arremesso de dardo, e em 2007 ajudou a conduzir no estado a tocha dos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro.
Mato Grosso do Sul foi representado por duas etnias nos Jogos Mundiais, no Tocantins. A delegação guarani-kaiwá contou com cerca de 50 pessoas, entre atletas e membros da comissão técnica. Além do resultado expressivo de Rocleiton, o time de futebol feminino terminou a competição no terceiro lugar geral. Os indígenas da etnia terena, da região de Aquidauana, também participaram dos Jogos.
Ao todo, mais de 1,8 mil atletas indígenas de 23 etnias nacionais e 22 países disputaram os Jogos em onze modalidades. A segunda edição está marcada para 2017 no Canadá.