Pantanal sobre rodas estreia cadeiras cedidas pela Fundesporte
Treino duro, quatro vezes por semana para se adaptar às novas cadeiras feitas sob medida e representar bem o Estado na Copa Centro/Sul/Sudeste de Basquetebol em Cadeira de Rodas. Esta é a rotina atual do time Pantanal Sobre rodas que, entre 14 e 17 de julho, usa, pela primeira vez em competições, as 10 cadeiras cedidas pela Fundesporte. Os novos equipamentos, recebidos no mês de maio, são o trunfo da equipe para tentar conseguir uma das vagas para o brasileiro.
Desde 2000, o time usava cadeiras padrão, adquiridas pelo Centro Arco-Íris de Reabilitação Alternativa com recursos do Fundo de Investimentos Esportivos. O material era compartilhado pelos jogadores que tinham que se ajustar ao equipamento. As novas cadeiras são personalizadas, feitas sob medida para 10 atletas. O fabricante as construiu de acordo com as necessidades de cada jogador e seguiu as especificações exigidas pelas regras da modalidade.
O projeto de aquisição foi feito pela professora Belquice Falcão, técnica do Pantanal Sobre Rodas com os objetivos de dar melhor estrutura do time, ampliar o número de atendimentos e divulgar o basquetebol em cadeira de rodas. “As cadeiras usadas pela equipe já tinham mais de 15 anos, estavam defasadas em tecnologia. Eram mais pesadas e lentas, desgastavam muito nossos atletas. Para podermos competir de igual para igual com outros times precisávamos de cadeiras melhores. Isso sem contar o principal que é a saúde do praticante. Com a cadeira correta, o atleta fica mais forte e não faz esforço desnecessário”, explicou.
A proposta foi aceita pela Fundesporte que tem entre seus principais objetivos o investimento no esporte de rendimento e de participação para pessoas com deficiência. “Esporte é inclusão, é saúde, é qualidade de vida. Apoiar boas iniciativas na iniciação, na reabilitação, na participação, na socialização e no alto rendimento é fundamental para difundirmos o paradesporto. Vamos continuar investindo no setor”, afirmou o diretor-presidente da Fundesporte, Marcelo Miranda.
“O projeto do Pantanal Sobre Rodas é sério e atende um público importante e carente de ações esportivas. Vimos que as cadeiras usadas não estavam adequadas para a prática do esporte. Agora com cadeiras boas, além de continuar jogando, o time tem melhores condições de conseguir bons resultados”, completou o gerente-geral de Desenvolvimento de Esporte e Lazer (Gedel), Paulo Ricado Nuñez.
As diferenças entre os equipamentos foram sentidas pelos atletas desde o primeiro contato com as cadeiras de rodas. “Foi como se eu saísse de um Fusca e fosse para um Porsche. É tudo diferente. Eu quase não cabia na minha cadeira. Caía toda hora. Agora estou mais protegido e mais veloz”, disse Fábio Rodrigues. “Não dá nem pra comparar. Essa cadeira foi feita para mim. O encosto é mais alto, tem uma faixa para me firmar. Não dá nem para comparar porque com a cadeira antiga não dava para medir desempenho”, comentou Jeferson Alves Fernandes. “Gostei muito. A cadeira é uns 4kg mais leve. Hoje treino bem duas horas. Com a cadeira antiga meia hora já desgastava bastante. Com uma cadeira melhor podemos desenvolver uma técnica melhor”, contou José Alonso dos Santos.
Fábio e José Alonso fazem parte do time desde o início do projeto, na década de 90. O basquetebol começou a ser praticado porque os atletas queriam uma alternativa para a natação, opção da época. Os dois tiveram poliomielite e encontraram no esporte uma forma de ter melhor qualidade de vida. “Para mim o esporte é tudo. Ele fez de mim o homem que sou hoje e me deu mais qualidade de vida. Não deixou meu corpo atrofiar”, disse José. “São muitas vantagens: física, social e psicológica. Não deixa a gente ficar sedentário. Eu sinto falta quando não estou na quadra. Ainda tem a parte social de fazermos ações para arrecadar dinheiro para podermos competir. A gente pratica por amor, joga porque gosta”, completou Fábio.
Jeferson se juntou ao grupo em 2013. Seis anos após um acidente de moto que o deixou na cadeira de rodas, encontrou no esporte incentivo para recomeçar. “O basquete para mim foi uma saída e é isso que procuramos mostrar para pessoas que estão na mesma situação. É muito bom para a saúde e para o convívio social”, contou o atleta.
Receber as novas cadeiras significa para os jogadores sinal de mais investimentos num setor que recebe pouco apoio. “Mudou muito pouco desde que eu comecei a praticar esporte. Quase não há apoio para o esporte adaptado. Receber essas cadeiras foi muito bom porque vemos que a situação começa a mudar”, disse José Alonso. “A gente ficou sucateado e graças a Deus agora a Fundesporte cedeu essas cadeiras. Os mais antigos estavam pensando em parar, mas agora deu um gás novo”, falou Fábio.
As novas cadeiras também são instrumento para ampliar o número de praticantes. A capacidade de atendimento aumentou já que os iniciantes podem usar as antigas cadeiras. Para participar o atleta precisa ter deficiência físico-motora nos membros inferiores. Os interessados podem procurar o time durante os treinos de terça a quinta no Parque Ayrton Senna e às sextas no colégio Joaquim Murtinho; das 19 às 20h30. “Está aberto é só chegar e se gostar ficar. O praticante vai aprender como jogar e ainda melhorar sua qualidade de vida. A força adquirida nos treinos ajuda no dia a dia. Muitos chegam sem fazer muita coisa sozinho, como pegar ônibus e logo já estão se virando. Ajuda muito na independência. Fora a interação porque eles convivem com pessoas na mesma situação e aprendem com elas”, explicou Belquice.
O time Pantanal Sobre Rodas representa Mato Grosso do Sul na Copa Centro/Sul/Sudeste de Basquetebol em Cadeira de Rodas, em Brusque (SC). A competição, seletiva para o brasileiro, é a primeira com as novas cadeiras.”No ano passado nosso problema estava nas cadeiras que eram muito pesadas. O time jogava duas vezes por dia e perdia rendimento. Agora com as cadeiras, apesar do pouco tempo de adaptação, estaremos mais velozes e vamos jogar para ficar com uma das duas vagas para o brasileiro”, disse a técnica da equipe.
Os atletas também prometem dar o máximo. “A expectativa é ser campeão”, disse José Alonso. “Estamos treinando muito para isso e vamos conseguir um bom resultado”, acrescentou Jeferson. “Ainda não tivemos muito tempo nas novas cadeiras, mas garanto que nos próximos meses ou no brasileiro, se conseguirmos a vaga que estamos indo buscar, vamos ser ainda melhores”, completou Fábio.
A delegação de 15 pessoas, que conta com o apoio da Fundesporte, embarca no dia 13 de julho, às 13h, na Praça do Rádio Clube. O último treino da equipe antes do campeonato é nesta terça-feira, às 19h, no Parque Ayrton Senna.
Crédito fotos: Mauro Resstel
fonte: fundesporte/ Aline Morais
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